Tom Brown, cofundador da Anthropic e uma das mentes por trás do GPT-3, é hoje uma das pessoas mais importantes na corrida da IA.
Mas ele não era um prodígio acadêmico. Ele tirou “B-” (ou talvez C+) em álgebra linear.
Sua trajetória de engenheiro autodidata, passando por várias startups da YC (incluindo uma que falhou) até cofundar a Anthropic, é uma aula para founders. Ela prova que o sucesso em tecnologia não vem de credenciais, mas de uma mentalidade específica e da coragem de apostar em “coisas estúpidas que funcionam”.
Aqui está o manual de Tom Brown sobre como encontrar sua vantagem e construir o futuro.
1. A Mentalidade do Lobo: Por que Startups Fracassadas São Melhores que a Grande Tecnologia
Antes de entrar na IA, Tom Brown foi o primeiro funcionário de startups da YC como Linked e Mopub, e até fundou a sua própria (SolidStage). Ele também passou pelo esgotamento de uma startup em declínio (Grouper).
Ele resume a lição mais valiosa com uma analogia:
- Na escola ou na Grande Tecnologia (Big Tech): Você é como um cachorro. Você espera que as pessoas lhe dêem tarefas e coloquem comida na sua tigela.
- Em uma Startup: Você é como um lobo. Você tem que caçar sua própria comida, ou sua empresa morre por padrão.
Essa mentalidade de “lobo” — a capacidade de descobrir o que fazer sem que ninguém lhe diga — foi, segundo ele, a habilidade mais valiosa que ele aprendeu. Foi o que o preparou para assumir os projetos maiores e mais ambiciosos que viriam a seguir.
2. A Coragem de Parecer Estranho
Quando Tom decidiu pivotar sua carreira para a pesquisa em IA em 2014, não era uma escolha óbvia. A IA não era “quente”.
Seus amigos acharam a ideia “estranha e ruim”. Eles compararam seu interesse em segurança de IA à “superpopulação em Marte” — um problema de ficção científica.
Ele teve que lutar contra a própria incerteza (“Eu tirei B- em álgebra linear”) e a dúvida de seus colegas. Ele passou seis meses em auto-estudo: fazendo cursos no Coursera, resolvendo projetos no Kaggle e lendo livros didáticos de estatística em um GPU que comprou com créditos de ex-aluno da YC.
Ele conseguiu seu primeiro emprego na OpenAI não como um pesquisador de ML, mas como engenheiro. Ele enviou uma mensagem para Greg Brockman (uma conexão da sua antiga startup Grouper) e se ofereceu para “lavar o chão” se fosse preciso. Seu primeiro projeto foi construir um ambiente Starcraft — um trabalho de engenharia, não de pesquisa.
3. A Descoberta que Mudou Tudo: As Leis de Escala (Scaling Laws)
O ponto de virada na carreira de Tom — e no mundo — foi a descoberta das Leis de Escala (Scaling Laws).
A equipe da OpenAI, liderada por Dario Amodei (agora CEO da Anthropic), descobriu uma tendência que os pesquisadores acadêmicos odiavam:
Se você gastar mais computação com a receita certa, você obtém mais inteligência. De forma confiável. Em 12 ordens de magnitude.
Essa linha reta num gráfico foi a coisa mais chocante que Tom já tinha visto. Era “a coisa estúpida que funciona”. Enquanto os acadêmicos reclamavam que isso era “força bruta” e “desperdício de dinheiro”, a equipe de Tom viu o futuro.
Isso o convenceu a apostar toda a sua carreira em escalar a infraestrutura, um movimento que levou diretamente à criação do GPT-3.
4. O Manual do Azarão: Como a Anthropic Vence a OpenAI
Quando a Anthropic foi fundada (por 7 co-fundadores em meio à pandemia), eles eram os azarões completos. A OpenAI tinha $1 bilhão e todo o poder das estrelas.
No entanto, hoje, o Claude 3.5 da Anthropic é a escolha preferida dos desenvolvedores da YC para programação, superando massivamente o GPT-4, apesar de ter pontuações mais baixas nos benchmarks públicos.
Como eles fizeram isso? Tom revelou a filosofia de produto secreta da Anthropic:
1. Eles Não “Ensinam para a Prova”
A Anthropic não tem uma equipe dedicada a “otimizar para os benchmarks” (como o HumanEval). Eles acreditam que isso cria incentivos ruins. Em vez disso, eles se concentram em seus próprios benchmarks internos e no dogfooding (uso intenso do produto pela própria equipe).
2. A Origem do “Claude Code”
O produto de programação de maior sucesso da Anthropic não foi um plano estratégico de cima para baixo. Foi uma ferramenta interna que um engenheiro (Boris) construiu para si mesmo e para outros engenheiros da Anthropic.
3. A Vantagem que Você Pode Copiar: “Trate a IA como o Usuário”
Esta é a maior lição para qualquer founder de startup de IA. A equipe da Anthropic mudou sua mentalidade. O usuário deles não era apenas o desenvolvedor; o usuário principal era o próprio Claude.
Eles se perguntaram: “Como podemos dar ao Claude as ferramentas e o contexto certos para que ele possa trabalhar efetivamente?”
Eles construíram com empatia pela IA. Essa filosofia é o “fator X” que falta nos benchmarks. É uma vantagem de produto que qualquer startup pode buscar. A Anthropic não tinha uma vantagem tecnológica intrínseca; eles tinham uma visão de produto mais profunda sobre quem (ou o quê) era seu usuário.
O Futuro: A Maior Oportunidade da História
Tom Brown é direto: a IA está impulsionando “a maior construção de infraestrutura de todos os tempos”. A demanda por computação está crescendo 3x ao ano, e o maior gargalo será a energia.
Seu conselho para os founders que estão começando hoje?
- Assuma mais riscos.
- Pare de perseguir credenciais externas (como diplomas ou empregos em “FANGs”).
- Trabalhe em algo que uma versão idealizada de você mesmo ficaria orgulhosa de ter feito.
Gostou desta análise? O sucesso de uma startup depende de aprendizado contínuo.
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